Calma

Somos assim… Eufóricos na vitória e histéricos na derrota. Sem perceber que com os nossos actos pomos tudo em causa. Arrasamos tudo e todos e não há nada de positivo no clube. É isto que nos mata e nos faz viver.
Agora que acabou o devaneio da Champions gostava de dizer o seguinte: Dada a minha tenra idade comecei a ver futebol com interesse e a acompanhar o Sport Lisboa e Benfica no início da década de 90. De lá para cá ganhámos três campeonatos. Sempre com denominadores comuns no discurso. Após a vitória de Toni fomos buscar o Artur Jorge para o “ataque à Europa”… Depois do sucesso da “velha raposa” estava criado o mote e reunidas as condições para o “assalto à Champions” e por último no final da época passada foi dito que a “Champions era prioridade”. Que haja atrasados mentais a acreditar nisto é que ninguém tem culpa. Está nos olhos de quem quiser ver que o futebol português não gera possíveis campeões europeus. Potenciará quanto muito vencedores de liga Europa. Não temos dimensão económica, social ou demográfica que nos faça pensar de forma diferente. Fenómenos como o fóculporto de 2004 explicam-se com o sortilégio de 10 em 10 anos a Champions ter campeões inesperados. Olhem para as meias finais desse ano e vejam lá se aquilo mais alguma vez se vai repetir… Dito isto falta dizer o resto: um clube que fica sem ganhar um período de 4 ou 5 anos chega ao titulo em final de ciclo. Sempre que neste século o Benfica chegou ao titulo, chegou já em fim de ciclo. Simão saiu, Manuel Fernandes e Miguel não quiseram ficar. Di Maria foi embora e Ramires não permaneceu. Qualquer gestor de meia linha percebe este fenómeno. O futebol de hoje não gera sentimentos de pertença dos jogadores ao seu clube. Só no Benfica mantemos a visão romântica do futebol antigo. Aquilo que temos de lhes exigir não é amor ao clube. É respeito a quem lhes paga. Para amar o clube estamos cá nós que já nascemos a fazer isso e não precisamos que nos ensinem. Pontualmente vão parecer Rui Costas, Amorins ou Gomes. Mas isso são atletas portugueses e que mesmo assim não hesitarão em rumar ao estrangeiro para enriquecer à conta dos pontapés na bola. Vida de profissional e não de românticos com jeito para dar toques na bola. O mundo mudou. A nossa visão também tem de mudar. O grande erro é embarcarmos em tretas de possíveis vitórias na Champions e depois ficarmos deprimidos à primeira contrariedade. O que me aborrece é que perdendo agora ou nos oitavos a verdade é que íamos perder. E com a histeria criada em redor da equipa pomos em causa o resto da época. Porque a verdade é que há muito para jogar e conquistar. Internamente temos de lutar pelo título até que matematicamente seja possível e caso não seja temos de imprescindivelmente garantir o acesso à pré eliminatória da Champions. Sob pena de ficarmos financeiramente sem condições de competir com o fóculporto pela hegemonia nacional. Há uma taça da liga e uma Taça de Portugal por ganhar. E há sobretudo uma competição Europeia onde queremos estar presentes (liga Europa) e onde teremos forçosamente de fazer uma boa figura. Aquilo que temo é que a depressão causada por esta derrota venha de certa forma colocar em causa todos os outros objectivos ainda em aberto. Não quero escamotear os erros cometidos. Ainda me lembro de zurzir na direcção no último dia de mercado pela falta de contratações de qualidade e receber comentários neste blog a criticar-me por dar semelhante opinião. Haverá tempo para perguntar se Urreta não deveria ter permanecido. Haverá ocasião para questionar porque não se preparou a substituição de Ramires. Teremos todos oportunidade de fazer balanços. Mas meus caros: os balanços fazem-se no final. Até lá temos todos de exigir respeito e dedicação àqueles que nos representam mas devemos também fazer aquilo que nos compete. Ter cabeça fria e não colocar o mais importante em causa: O Sport Lisboa e Benfica. Benfica sempre!!!